Estamos cada dia mais ansiosos — e isso não é bom
Coluna de Jussara Camara

Cerca de 18,6 milhões de brasileiros têm distúrbios de ansiedade
Estamos cada dia mais ansiosos — e isso não é bom
por Jussara Câmara
A ansiedade é uma emoção natural do ser humano, atingindo tanto os jovens quanto os idosos. Ela funciona como um mecanismo de defesa, pois nos prepara para situações que estão por acontecer, tornando-nos mais atentos e vigilantes.
No entanto, quando sintomas como coração acelerado, nervosismo intenso ou medo constante se manifestam de forma anormal, com maior intensidade e duração do que o esperado, podem comprometer a qualidade de vida. Nesses casos, a ansiedade deixa de ser uma reação normal e passa a configurar um transtorno mental, capaz de paralisar o indivíduo, dificultar a realização de tarefas cotidianas, prejudicar relacionamentos, o desempenho profissional e o bem-estar físico e emocional. Assim, a ansiedade pode determinar uma pior qualidade de vida.
Somente no Brasil, cerca de 18,6 milhões de pessoas — o equivalente a 9,3% da população — sofrem com distúrbios de ansiedade, tornando o país o líder mundial em número de pessoas ansiosas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na verdade, o mundo atual está vivendo momentos de estresse e grandes preocupações, perturbando, e muito, a vida diária de cada um. Para as pessoas idosas, vivenciar esses momentos de grandes incertezas — tanto na área financeira, política, quanto na saúde, entre outras — leva à ansiedade, deixando-as cada vez mais intranquilas para lidar com essas situações.
Os jovens, mesmo inseridos em uma vida mais moderna, caracterizada por um estado quase constante de inquietação, também enfrentam uma tensão contínua e, muitas vezes, angústia. Ou seja, apresentam alterações comportamentais provocadas pela ansiedade.
Então, o que podemos fazer para conquistar o equilíbrio e promover o bem-estar? Conversei com a psicoterapeuta Rebeca B. Lepiscopo, que falou sobre algumas situações relacionadas à ansiedade e como elas podem ser contornadas.
Segundo Rebeca, “É normal nesses momentos de grandes incertezas que a emoção e o medo nos abalem. Precisamos diferenciar entre situações que controlamos e das que que não temos controle algum”, explicou ela. “Devemos então, focar em quais situações temos controle. Por exemplo, no planejamento orçamentário, no que podemos economizar”.
Ela também recomenda manter a atenção no presente: “Focar também no que temos de fazer hoje, nas atividades cotidianas, como no livro que está lendo, na conversa com os filhos, assim como focar na brincadeira com os netos. Parece estranho, mas quando deixamos a mente divagar, ela nos leva a lugares obscuros e bem difíceis”, completou.
Outro ponto importante, segundo a psicoterapeuta, é prestar atenção à respiração. “Respirar profundamente. Várias vezes. Com muita calma. Fora isso, andar, caminhar, correr. Exercitar-se ajuda muito”, continuou ela. “Meditar. Entrar em contato consigo. Aprender sobre si mesmo. Descobrir sobre quem sou eu hoje. Como penso. Como me sinto. Como ajo”.
Para finalizar, Rebeca destacou que não existe uma fórmula única: “Enfim, essas são apenas sugestões, já que cada um deve encontrar a melhor maneira de bloquear as questões que os afligem, mas de uma maneira saudável, respeitando acima de tudo seu biorritmo”, concluiu.
As reflexões da psicoterapeuta nos convidam a repensar a forma como lidamos com a ansiedade no dia a dia. Buscar pequenas atitudes que promovam equilíbrio e bem-estar pode ser o primeiro passo para uma vida mais leve e saudável.

Jornalista especializada em gerontologia social. Criou a “Rio Cidadão Sênior”, primeira revista carioca para a terceira idade, e a página “Idade Maior”, publicada no Facebook. É integrante da ALLA – Academia Louveirense de Letras e Artes.
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