Estamos envelhecendo de forma acelerada
Coluna de Jussara Camara

Saber envelhecer bem depende de cada um
Estamos envelhecendo de forma acelerada
Jussara Camara
Os idosos pertencem ao grupo etário com maior crescimento nos últimos 72 anos, representando atualmente 13,9% do total populacional do mundo. Para se ter uma ideia melhor desses dados, entre 1950 e 2022, a população mundial triplicou e a população idosa sextuplicou.
Dados da ONU (Organização das Nações Unidas) estimam que as pessoas com mais de 60 anos vão representar 32% da população mundial em 2050 e superar, pela primeira vez na história, o número de crianças, até porque, hoje em dia, grande parte das mulheres não quer mais ter filhos.
No Brasil, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a expectativa de vida atingiu 76,4 anos, representando um aumento de 0,9 ano em comparação a 2022, superando a faixa etária dos jovens de 15 a 24 anos. Somente na capital paulista, há mais de 2 milhões de idosos, conforme estudo da Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento. Ainda segundo projeções do instituto, essa população dos 60+ vai continuar a crescer e, 2046, deverá se tornar a maior faixa etária do país, representando 28% da população.
Vamos entender o que significa envelhecer. Para a Organização Mundial da Saúde (OMS), considera-se idoso todo indivíduo com 60 anos ou mais. No entanto, existe uma variedade de termos para se referir às pessoas que já viveram mais tempo. Entre os mais comuns estão: “terceira idade”, uma expressão recente no mundo ocidental, devido ao envelhecimento populacional marcante no no século XX, além de outras como “melhor idade”, “adulto maduro”, “idoso”, “velho”, “meia-idade”, “maturidade”, “idade maior” e “idade madura”.
Apesar disso, o termo “velho(a)” é mais usado de de forma preconceituosa. Várias vezes já ouvi e vi pessoas, principalmente mulheres, responderem com um “tão velho” quando alguém elogia uma roupa ou acessório que estão usando. Isso significa que, por ser antigo, não pode continuar bonito, sendo usado com prazer?
Afinal, a palavra “velho” carrega significados como gasto pelo tempo, experimentado, desusado, obsoleto, ultrapassado, descartado e fora de moda. Não é à toa que a maioria das pessoas mais velhas resiste a ser chamada assim.
O fato de terem tantas palavras para nomear a velhice demonstra o quanto o processo de envelhecimento é complexo. Muitas vezes, negado, evitado ou mesmo temido. No entanto, vamos nos lembrar que envelhecer é um processo natural a que todos irão se submeter. E como disse o escritor gaúcho Mário Quintana, falecido aos 87 anos em 1994, o tempo é um ponto de vista: “velho é quem tem um dia a mais do que eu”.
Portanto, é preciso que muitas pessoas – e a sociedade como um todo – se reeduquem quanto à superação de ideias preconceituosas, pois “se tonar verlho(a)” é aceitar a velhice e ser orgulhoso dos muitos anos que conferem experiência, sabedoria e liberdade. E saber envelhecer bem depende de cada um.
Vale lembrar: juventude não é uma época da vida, é um estado de espírito – de acordo com um provérbio chinês. E esse estado pode continuar por muitos e muitos anos.

Jornalista especializada em gerontologia social. Criou a “Rio Cidadão Sênior”, primeira revista carioca para a terceira idade, e a página “Idade Maior”, publicada no Facebook. É integrante da ALLA – Academia Louveirense de Letras e Artes.
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