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Louveirando: O Quintal da Casa da Gente

Coluna de João Batista

Louveirando: O Quintal da Casa da Gente

Louveirando: O Quintal da Casa da Gente (imagem: João Batista)

TRILHA SONORA: TERREIRO – O GRILO

O Quintal da Casa da Gente

por João Batista

Antigamente, quando eu era criança, chamávamos o que hoje chamamos de quintal, de terreiro. Lembro-me que minha avó, Benedita, mãe do meu pai fazia vassoura em casa, não me lembro com exatidão o nome da planta usada, mas minha memória traz o nome de guanxuma. Os terreiros ficavam impecáveis, e, era uma delícia brincar ali, bem pertinho de casa.

Isso me veio à memória, nos dias atuais, quando “tive” que enterrar uma flor, a linda hortênsia que ganhei do senhor Santo Beduli, num domingo à tarde, quando fomos, eu e alguns membros da família dele visita-lo, ali no bairro Santa Gertrudes, em Jundiaí. Também me vi pensando que o quintal da casa da gente, é uma extensão da vida da gente, pois ali, pelo menos no meu, tem de tudo um pouco.

Meu quintal está localizado no Bairro do Quebra, que é nosso, (Santo Antonio), aqui na nossa linda Louveira, e, tudo que se planta dá. Colho ali abacaxis, limões caipiras, flores, pitangas, pitaias e até, tomates e cebolinha de cheiro. Também, para os olhos e o coração, além dos já citados, há as folhagens verdes, e o já famoso, pelo menos para umas onze pessoas, o chá cravo, que segundo o meu amigo Carlos Tiokal, é chá para toda obra, por eu sempre dizer a ele que, em toda e qualquer indisposição, ou mesmo uma “doença mais leve”, em casa tomamos deste chá. Ah! Tem também o pé de limão galego, cuja muda eu ganhei da minha querida amiga, Cidinha Galvão, e o pé de figo da índia, que peguei em algum outro terreiro, ali pelos lados do Bairro Monterrey.

Há também a primavera, a erva-cidreira… e tantos outros matinhos. Fico triste toda vez que o jardineiro, meu amigo Marcos, vai fazer “a limpeza”, pois me causa dó e pena ver aquelas plantas, tidas como daninhas, serem arrancadas pela enxada. Mas, segundo muitos, ou quase todos, é um ato necessário. Concordo com tristeza e sigo observando e cuidando dos que ali sobrevivem. Torço para que chova, para as plantas fiquem muito verdes, as que são verdes, lógico, e as demais, com outras cores, também, quando chove, ganhem o viço e quase a petulância de tão lindas e variadas cores.

Em Louveira em toda casa que vou, me retenho no quintal, e fico a observar as plantas, que para mim são a razão da alegria de muitas vidas, intrínsecas vidas. Claro que há muitos quintais, aí não tem como chamar de terreiros, “todo cimentados”, sem um pedacinho de terra à vista, coisa que dá a mim, uma certa aflição. Alguns compensam com vasos, com floreiras, mas não há como pisar na terra, coisa tão energizante, nestes locais. Como é bom quem pode e quer ter ainda, nestes tempos, um terreiro para ser varrido com vassoura feita em casa. Como é bom também, de vez em quando, tocar a terra com os pés. Agradeço o ato do senhor Santo Beduli, que tão amorosamente me presenteou com uma hortênsia, colhida por ele mesmo, num domingo feliz. Graças, principalmente ao gesto dele, tudo isso me veio à cabeça.

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