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Louveirando: Tijolo com Tijolo Se Paga

Coluna de João Batista

Louveirando: Tijolo com Tijolo Se Paga

Tijolo com Tijolo Se Paga

por João Batista

Ontem passei por esta rua, que sempre passo. Me chama sempre a atenção esta rua, que não é só minha, mas que é minha também. Não, eu não mandaria ladrilhar, apenas, manteria um pouco da estrutura original que insiste em ser, se não bonita, no sentido vulgar da palavra, é com certeza, um primor histórico. E é exatamente aí que está sua beleza, a beleza conquistada a cada tijolo encaixado de maneira a constituir essa fortaleza.

É natural, aceitável, e, até aplaudido que o progresso chegue, ouso dizer que neste caso, de maneira assustadora, pela rapidez com que se ergue um prédio nos dias de hoje. Este prédio, pelo que ouço e repito as vezes, será um supermercado rodeado de lojas de muitos tipos, até um bom bar, penso e torço eu. Claro que ainda é uma estrutura sem uma cor agradável, a do prédio novo; um quase cinza que preguiçosamente muda os tons, de cinza, conforme os dias passam, e, ao sabor do tempo que, ora tem muito sol, ora escurece, ora fica nublado. Mas varia pouco, e somente um observador mais atento, nota as variações. Acredito que eu seja um desses observadores.

Agora que já descrevi, pelo menos um pouco do que vejo e sinto, farei um pedido a esmo, mas com direção certeira: Que alguém, autoridade constituída, o próprio dono do imóvel, ou até mesmo alguém que tenha mais poder, conserve este muro, histórico muro da antiga Fábrica Nerina, onde eu, e muitos dos meus conhecidos, trabalharam. A Nerina era o centro das atenções por sua exuberância, sua localização e, poxa vida, pelo seu apito, que até nos dias de hoje apita ao meio dia. Obrigado Robertinho Mazzali. Uma delícia de ouvir, e mais ainda, estar vivo para ouvir. Sou agradecido à chegada do progresso, mas o mesmo não deveria, ainda não sei se é o caso, destruir os monumentos históricos. Tudo tem seu valor e pode(m) conviver juntos. Vejo assim!

Essa rua denominada Ricieri Chiquetto que é a principal do bairro do Quebra, alcunhado de Bairro Santo Antonio, chega a ser pitoresca mesmo, pois me traz as melhores recordações deste bairro. Fora a Nerina, cuja entrada principal, não é nesta rua, há ali o eterno “Meracdo do Luis”, a Auto Escola da Neusa, a casa em que a Luciara Mazzeto morava, aquela da esquina. A Loja e Papelaria da Sônia Maria Golfe Pereira, minha querida amiga; a Igrejinha onde meu pai foi velado no ano de 1985; a Loja da Lourdes, a Passo a Passo, onde minha amiga Sonia trabalha, há também casa do Arruda e a Perilandia. Claro há outros pontos de referência, mas estes me vieram à memória, de chofre.

Reforço aqui o meu pedido, por favor, a quem de direito for, conserve aqueles muros da nossa Nerina. Conservar é progredir, penso eu, e, o Quebra é nosso e merece!

(Trilha Sonora: Edifício de Carinho / Ed Carlos)

(imagens: João Batista)

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