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Tenho em mim todos os sonhos do mundo

Coluna de Jussara Camara

Tenho em mim todos os sonhos do mundo

Casa Fernando Pessoa em Lisboa (imagem: Jussara Camara)

Tenho em mim todos os sonhos do mundo

por Jussara Câmara

Estive em Lisboa e visitei a casa de Fernando Pessoa. Queria conhecer de perto como era este poeta, ensaísta, tradutor, astrólogo e crítico literário nascido em 1888 e falecido em 1935.

Em sua obra principal “Desassossego”, ele fala da existência, como é difícil se adaptar à realidade e de saber qual é a verdade. Assim era ele. Sua infância foi em Durban, colônia britânica na África do Sul, onde seu padrasto era cônsul português e mais tarde, mudou-se para Portugal.

O poeta tinha sintomas depressivos e dissociação de personalidade, o que lhe ocasionou distúrbios de personalidade múltipla. Desta maneira, Fernando Pessoa criou autores fictícios, cada um com características individuais, que expressavam seus pensamentos. Os mais conhecidos são: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares e Álvaro de Campos.

No poema “Tabacaria” de Álvaro lia-se:

“Não sou nada,
Nunca serei nada,
Não posso querer ser nada.
À parte disso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo.”

Essas palavras tem muito a ver com a personalidade auto-destrutiva e ao mesmo tempo, muito criativa de Fernando, vista através dos seus heterônimos, personagens com características individuais, desde a data de nascimento, tipo físico e signos, que eram os mensageiros de seus pensamentos.

Igual a uma criança brincando, Fernando Pessoa criou um mundo fantástico, onde ele vivia, com seus amigos fictícios. Neste cenário, conheceu Ofélia, seu único e grande amor, que foi trabalhar com ele. Ele tinha 31 anos e ela 19, quando se apaixonaram.

“Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi, nem acabei.
De tanto ser só, tenho alma.
Quem tem alma, não tem calma.
Quem vê é só o que vê.
Quem sente não é quem é
Atento ao que dou e vejo
Torno-me eles e não eu.”

Esse era Fernando Pessoa.

Fotos: Jussara Camara

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